domingo, 15 de novembro de 2015

Três dias em Belo Horizonte


Já começo dizendo que eu voltei com dor no coração por não ter conhecido os pontos turísticos de Belo Horizonte, como esse da foto. Mas, eu sou uma pessoa otimista e isso vai servir de incentivo para que eu volte, com certeza (e quando eu voltar vai ser para conhecer Inhotim!).

Mas se você partir do ponto de vista de que ir a uma padaria inteirinha sem glúten também é visitar um ponto turístico, sim, eu visitei e mais de uma vez! Vou contar tudinho para vocês como planejei essa viagem para a capital de Minas Gerais. A viagem foi a trabalho e por isso foi difícil conhecer a cidade.

Antes de qualquer viagem, eu busco algumas referências na cidade para saber onde posso comprar e consumir alimentos sem glúten. Eu não fazia ideia de que Belo Horizonte é uma cidade enorme. Por isso, optei por planejar e levar minhas refeições e conhecer uma padaria que me chamou a atenção. 

Vem comigo que eu te conto tudo!

Fui de avião e como o trajeto era bem curtinho, não me preocupei com refeição no avião. Apenas me certifiquei de que na minha marmita (que levei como bagagem de mão) não continha nada que o aeroporto pudesse barrar, como facas (levei meus talheres porque eu precisaria me alimentar fora de casa), líquidos ou o álcool gel que levo na bolsa por me alimentar fora de casa. Esses itens proibidos eu coloquei na minha mala despachada, junto com minhas roupas e também minha torradeira. Embarquei sem problemas no Aeroporto Pampulha (o de Confins era bem longinho do meu hotel). 

O hotel que eu escolhi foi o Ibis Pampulha, que era próximo do aeroporto, como mencionei, e também da UFMG, que era o local para onde eu teria que ir todos os dias. Antes de escolher o hotel, verifiquei não só a questão da localização como também da estrutura para aquecer minhas refeições. Deu super certo! 



Levei as refeições em marmitinhas e embalagens que poderiam ser jogadas no lixo após o uso. Assim, eu não precisaria trazer potinhos vazios na mala. Levei nhoque com molho bolonhesa e arroz branco + carne com molho. Para aquecer as comidas, levei um refratário de vidro e aquecia tudo no micro-ondas do hotel. Lá a voltagem era 220 mas o hotel fornecia transformador. Solicitei um para usar na minha torradeira. Ah! E o Wi-fi do hotel é muito bom, o que facilita bastante, principalmente na hora de me locomover. 

Levei as refeições em marmitinhas como essa. Comeu? É só jogar a embalagem fora!

No hotel, aquecia minhas refeições no micro-ondas disponibilizado 24 horas no lounge do hotel
O queijo ralado é fornecido pelo hotel como cortesia. Aproveitei!

Como eu tomava café da manhã?
Como eu tinha levado minhas fatias de pão, eu usava a torradeira para deixá-las quentinhas e crocantes. Em um pratinho colocava a torrada, um pedaço de bolo de cenoura que levei e meu potinho com aveia, para acrescentar na fruta. Descia para o café da manhã, pegava as frutas (que as funcionários atenciosamente cortaram na hora e à parte para mim), o cream cheese, pedia o suco natural e me deliciava com a Nutella. Um moço no elevador olhou meu pratinho e disse: "Nossa, que torrada bonita".

Meu pãozinho Mr Premium e meu bolo de cenoura em Belo Horizonte + suco de laranja natural + mamão cortado a parte, pelas funcionárias, para mim

Amor à Nutella e ao cream cheese Danubio, ambos sem glúten mas com lactose

Para higienizar meus talheres e meu refratário de vidro, que usava a cada refeição, usei a metade de um esponja que levei (cortei ao meio uma dessas do tamanho normal) e em um potinho de remédio de homeopatia, desses de vidro, levei detergente. Você pode levar uma inteira, é claro. Eu quis cortar para ocupar menos espaço e também porque eu jogaria fora a metade antes de retornar para casa.

Metade de uma esponja para lavar louças
Sem ocupar espaço, sem peso e excelente para lavar os utensílios que levar em viagens

Em um dos dias, precisei almoçar na UFMG pois não dava tempo de voltar para o hotel. Na faculdade de letras tem uma cantina e esquentei minha comida lá, no micro-ondas. Eles cobram 1 real para aquecer a comida. Valeu a pena porque o pessoal que estava comigo almoçou lá e não ficou muito satisfeito. O bom de andar com a própria comida é não ser pega de surpresa em restaurantes não tão convidativos. 

Eis que então fui conhecer a Padaria Não Contém - De bem sem glúten. Muitos de vocês puderam saber sobre ela porque durante a viagem eu postei fotos no facebook. Um lugar super incrível e super seguro para nós. Fui para me alimentar lá mas fiquei na dúvida para trazer coisinhas congeladas no avião. No dia seguinte bateu o arrependimento, voltei lá e comprei os congelados. Como eu tinha levado minhas comidas em embalagens descartáveis, estava com a bolsa térmica livre para trazer tudo para casa. 

O Matheus, proprietário, é celíaco e uma pessoa muuuuuito simpática. 
Ele me recebeu muuuuitíssimo bem. Degustei alguns produtos e pedi esfiha. Gostei de tudo o que experimentei. A esfiha e a empadinha nem parecem sem glúten, de tão maravilhosas. Para vocês terem ideia, nem precisa aquecer para comer. Elas ficam incríveis ao natural. 
Lá também tem mini pizza, croissant salgado e de chocolate, risóles, bolinho de bacalhau e fazem até bolo, desses de aniversário. Para trazer, escolhi as empadinhas, esfihas, bolinhos de carne e mini cachorro quentes (sabem aqueles enroladinhos com salsicha que lembram a infância?).


Do hotel para a Não Contém eu peguei um ônibus, com ar condicionado. Eles tem um sistema chamado MOVE e até os pontos de ônibus são diferentes. O serviço de táxi em Belo Horizonte eu achei bem ruim; os taxistas fazem cara feia se precisamos ir a um lugar próximo. Mas, vou deixar aqui a indicação de um taxista nota 10, super simpático e prestativo. Ele chama Antônio e o celular/whatsapp dele é (031) 8817.9268.

Para finalizar, vou deixar aqui embaixo alguns contatos de lugares sem glúten em BH. Pesquisei e entrei em contato com alguns*:

- Sabor Sem Glúten (loja)
http://www.bhsemgluten.com.br/ 
Av. Francisco Sá, 345B - Prado 
Tel: (31) 2552-5418

- Brasil Zero Glúten (loja) 
http://www.brasilzerogluten.com.br/
Av. Dona Senhorinha, 128 
Tel: (31) 3485 2400

- Empório Nutri (loja) 
http://www.emporionutri.com.br/
Avenida Antônio Abrahão Caram, 614
Tel: (31) 3245-5165

- Maurizio Gallo (restaurante)* 
Apesar de muitas pessoas indicarem, inclusive celíacos, quando entrei em contato me disseram não garantir que não haja contaminação cruzada. E quer saber? Acho muita coragem ir porque o ambiente deve ser farinha de trigo para todos os lados. Não me acho tão corajosa assim não.
http://www.restaurantemauriziogallo.com.br/
Rua dos Aimorés, 2305 - (31) 25143020 / (31) 93312000  
Av. Nossa Senhora do Carmo, 860 - (31) 2555-5432 / (31) 8849-0001 

- Não Contém - De bem sem glúten (padaria)*
Faz entregas se precisar mas vale a pena ir até lá conhecer; tudo sem contaminação cruzada
https://www.facebook.com/naocontemdebemsemgluten
Rua Major Lopes, 117 - São Pedro
Tel: (31) 2552-9186

- Comer Bem Sem Glúten – Regina Miranda* 
Faz entregas e não tem contaminação cruzada; a Regina foi extremamente atenciosa nos emails
Acabei não provando porque levei tudo pronto daqui de casa
https://www.facebook.com/comerbemsemgluten?fref=ts
Tel: (31) 9487-1106

É sempre importante entrar em contato antes e verificar o horário de funcionamento, taxa de entrega e querendo ir até o local, dá para usar o Google Maps ou o Waze para se ter uma noção da distância.

Espero ter ajudado com essas dicas e que você aproveite BH sem contaminação cruzada!

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Celíacos, ostra feliz não faz pérola


Era o dia do macarrão. Eu que sabia exatamente os sabores e texturas de massas, pães e bolos feitos com farinha de trigo agora tinha encontrado uma causa para tantas dores e incômodos: “glúten, quanta crueldade comigo!”

O que eu não sabia é que até ali eu estava sobrevivendo e que a partir daquele momento, eu passaria a viver


Com muita força de vontade, fui encontrando caminhos para aprender a conviver com a doença celíaca. O primeiro passo foi enxergá-la não como doença, mas como uma possibilidade para uma nova vida. Vieram os novos sabores, novas texturas, o amor colocado no ato de cozinhar, além da vontade de adquirir conhecimento sobre o meu diagnóstico. Nessa nova realidade, conheci pessoas e vivi situações que me ajudaram a ser um ser humano melhor. Tudo mudou, dentro e fora de mim. Aprendi a dar mais valor as frutas, verduras e legumes e a escutar meu corpo, principalmente as minhas dores, afinal onde há dor há algo para ser escutado. Conheci um mundo além da farinha de trigo. E como ele é rico...cheio de sabores, cores e aromas!

Mas então ser celíaca é a melhor coisa do mundo? As dificuldades existem e sempre vão existir, sendo celíaco ou não. O que muda é o olhar que temos sobre elas. Mesmo que não queiramos, é certo de que passaremos por mudanças na nossa vida. E já que elas vão acontecer, que sejam para nos tornarem melhores, não é? A calma e a paciência foram os ingredientes mais necessários para aprender a como ser feliz mesmo tendo uma alimentação restrita. Rubem Alves, meu preferido, nos presenteou com uma grande lição, “Ostra feliz não faz pérola” (clique aqui para ler!). Acalmei meu coração quando me deparei com esse texto e pude entender o significado dele. Deveria ser leitura obrigatória para todos os celíacos. Quando mantemos a calma, não perdemos o equilíbrio, que é fundamental para que comecemos a buscar alternativas. Sob estresse e desespero, isso não é possível. Com o tempo, histórias de vida vão se juntando a nossa própria, deixando a certeza de que não estamos sozinhos no mundo. Muitas outras pessoas também passam pelos mesmos problemas, senão, mais difíceis.

Aceitação e compreensão do diagnóstico também foram fundamentais. Quando compreendemos e aceitamos que determinados fatos não conseguimos mudar, passamos a ficar mais serenos buscando mudar não a situação mas a forma como a encaramos. Sabe aquela conversa com a vida? “Ok! Já entendi que não posso voltar no tempo ou deixar de ser celíaca. Então o que eu posso fazer, daqui pra frente, para que eu viva mais feliz?”

Embora muitos ainda não estejam certos disso, a vida responde. Basta estarmos atentos aos sinais que ela dá. As respostas podem estar nos conselhos de um amigo querido, em uma pessoa desconhecida que nos solicita ajuda, nas situações vivenciadas “por acaso”, nas dúvidas que nos surgem à cabeça ou no coração e até mesmo em uma dificuldade que devemos atravessar. Por isso, ler, estudar, perguntar e trocar experiências são fontes de conhecimento que podem trazer benefícios. E se estiver pesado e difícil, a melhor saída é não ficar sozinho, abra o coração e procure ajuda, converse com os amigos e a família, busque grupos de apoio; existem tantos nas redes sociais, por exemplo.

E o mais importante de tudo: devemos ser felizes, manter um sorriso no rosto, esperança de que tudo dará certo e confiança no que estamos fazendo. Com certeza, muitas outras pessoas se espelharão em você para lidar com um situação difícil. Muito melhor se pudermos ser um exemplo positivo, não é?


Ninguém está na Terra para ser infeliz. Todos nós estamos aqui para aprendermos e sermos muito felizes. 
Já pensou que o seu diagnóstico pode ser uma oportunidade para transformar não só a sua vida como a de outras pessoas também?

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