terça-feira, 10 de julho de 2012

Autismo e o consumo do glúten


Quando li sobre esse assunto, fiquei refletindo sobre o quanto somos ignorantes perante a tantas linhas de pesquisas que buscam estudar relações que jamais passariam pela nossa cabeça.

Comecei lendo a respeito do quanto o glúten pode afetar o nosso comportamento de diversas maneiras: incapacidade para se concentrar ou focar, depressão, transtorno bipolar, variações de humor, esquizofrenia, irritabilidade, falta de motivação, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e AUTISMO.
Todas me chamaram muito a atenção.
Pra quem não sabe, o autismo é um transtorno definido por alterações presentes (comunicação, interação social e uso da imaginação) antes dos 3 anos de idade. Quem já assistiu filmes como "Rainman, Meu filho - meu mundo, Forrest Gump, Uma viagem inesperada e Uma lição de amor" sabem, minimamente, como pode se comportar um autista. 

A grande sacada é que evidências mostram que algumas pessoas autistas apresentam melhorias extraordinárias quando fazem uma dieta sem glúten e sem caseína (proteína do leite). Apesar do assunto ainda estar na mira de muitos pesquisadores, há relatos de pessoas que obtiveram resultados incríveis com a dieta.
E o que pode acontecer no organismo dessas pessoas quando elas ingerem o glúten?
Algumas delas podem metabolizar o glúten e a caseína na forma de um opiato. Opi o que? Sim, opiato...muito parecido com a heroína. E o resultado? Elas ficam "drogadas" - e estão se tornando viciadas. 
E é exatamente essa sensação de "estar drogado" que se assemelha à sensação que um usuário de um opiato experimenta, o que pode explicar traços típicos de crianças autistas, como os movimentos monótonos de seus corpos (como por exemplo ficar estalando os dedos diante dos olhos, girar e bater com a cabeça), bem como ficar fascinado com partes de objetos. Outra semelhança de crianças autistas e usuários de opiatos é a angústia que sentem quando ocorrem algumas mudanças no ambiente ou rotina. 
É bastante comum crianças autistas apresentarem problemas gastrointestinais e a doença celíaca é mais frequente em pessoas autistas do que no público em geral. 
Alguns pesquisadores apresentaram hipóteses alternativas, inclusive a ideia de que a má absorção que acontece devido a doença celíaca resulta em uma deficiência de neurotransmissores. Assim, com os nervos incapazes de transferir informações adequadamente, estas pessoas podem apresentar comportamentos de autistas. 

Os resultados de uma dieta livre de glúten e caseína (dieta SGSC ou GFCF) podem variar. Algumas pessoas apresentam melhoras em semanas e outras, em 1 ano. E ainda, há uma parte delas que não vê melhora alguma. E entre si, as melhoras também variam: capacidade de dormir a noite toda, de tornar-se mais verbal e interativo, até pessoas que se tornaram "normais" com a dieta. 
Em outro post mencionei e trouxe para vocês um estudo que o Dr. Alessio Fasano realizou. Na mesma entrevista citada, o médico e pesquisador diz que a ligação entre o glúten, autismo e esquizofrenia é muito controverso. Segundo ele, algumas pessoas acreditam que o glúten tem um papel indiscutível neste tipo de condições enquanto que outros acreditam ser falso. O próprio médico afirmou ter dificuldade em acreditar que todas as crianças com autismo possam melhorar com a dieta SGSC, ao mesmo tempo que também não acredita 100% que o glúten não tem nada ver com os comportamentos: 

"Sabemos na clínica que as pessoas podem ter problemas comportamentais devidos ao glúten, tais como perda de memória de curto prazo, alterações de humor, depressão, então você pode imaginar comportamentos esquizofrénicos e autistas. Se é verdade, como acredito, que as doenças complexas, como o autismo são os destinos finais, mas que você pode tomar caminhos diferentes para chegar lá, eu tenho que acreditar que um dos caminhos para um subgrupo de pacientes poderia, de fato, ser sensibilidade ao glúten."

A Fundação de Apoio e Desenvolvimento do Autista (FADA), que é uma instituição fundada em 1988 por pais de crianças autistas, há 7 anos vem testando a dieta SGSC e o resultado tem sido bastante positivo. No próprio site, é relatada a dificuldade de se adotar uma dieta sem glúten e sem caseína, até mesmo devido a dificuldade de os produtos livre de ambos serem encontrados. Para conhecer a pesquisa realizada a fundo, na instituição, clique aqui.
Lendo sobre o assunto, tive acesso, via internet, a uma lista de alimentos que devem ser evitados e realmente, deve ser bem difícil aderir a este tipo de dieta. A partir do momento em que ela é adotada, a pessoa passará por 3 fases, cada uma com um período.
Então, eu pensei que deve ser bastante exaustivo para os pais. No entanto, mesmo tendo apenas uma ideia do que possa significar ter um filho nestas condições, imagino que a maioria dos pais acabam fazendo de tudo para vê-los bem, sempre na esperança de melhoria da qualidade de vida da criança.
É claro que este é um assunto bastante discutível e que talvez alguns médicos sejam céticos demais para compreender e até mesmo aceitar que uma dieta SGSC possa melhorar aspectos do autismo. No entanto, a cada dia que passa, mesmo não tendo o conhecimento técnico de um nutricionista, eu acredito MUITO que somos aquilo que comemos. Eu sou uma pessoa super sensível e percebo como meu organismo reclama quando abuso da alimentação. 
Acredito que se eu fosse mãe de uma criança nesta condição faria a tentativa e pagaria pra ver, mesmo tendo noção do que a adoção da dieta pode significar tanto para a criança quanto até mesmo para a dinâmica familiar. E aí, eu sempre volto pra minha consciência e me pergunto: e aquelas famílias e crianças menos privilegiadas? 


Para quem quiser ter acesso a lista de alimentos que devem ser evitados, clique aqui.
E não deixem de conhecer a FADA. Nada melhor do que um grupo de pais para discutir o que vem acontecendo com os seus filhos. A instituição me pareceu bastante sólida e séria.
Ela se situa em Cotia e o site deles é o http://www.fada.org.br

Abaixo, deixo um vídeo para vocês conhecerem um pouco mais sobre o autismo:




E como psicóloga, mas antes de tudo, ser humano, faço um pedido muito especial: vamos parar de banalizar a situação vivida por muitas crianças e família. Apesar de isso ter diminuído bastante, ainda é possível encontrarmos pessoas tirando sarro da condição de muitas crianças. Entenda, se você acha não pode dar amor, carinho e outros bons sentimentos, é melhor que não dê nada. Mas ainda assim, repense: todo mundo sempre tem algo de bom para oferecer para o próximo. Tente encontrar o seu melhor sentimento!

Fonte: Livro Vivendo sem glúten, FADA, Autismo.com.br

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